Catarina Gonçalves Wenceslau parece não tirar o sorriso do rosto nunca, apesar da vida cheia de dificuldades.
Ela é cozinheira e educadora da creche comunitária do Palmeiras, um dos bairros mais desassistidos de São Gonçalo. A creche está com as atividades suspensas desde o começo de abril, quando foi invadida pelas águas da enchente. Catarina perdeu duas vezes: está sem trabalhar até que o serviço seja reestabelecido e ainda leva na memória o trauma de ter abandonado a sua casa cheia d’água para ir com a família para um abrigo.
Em sua casa, também no Palmeiras, onde vive há 21 anos, já passaram a mãe, o irmão e a irmã. Catarina cuidou de todos, encarando problemas que incluíram alcoolismo e complicações decorrentes da Aids. Nessa história, ganhou mais dois filhos, os sobrinhos William, de 15 anos, e Alexandro, de 17, que vivem com ela desde pequenos. A família se completa com seu filho biológico, a nora, grávida, e a neta de seis anos.
Na casa de Catarina, a água não chega pelo serviço municipal há 4 anos. “Quando não sobra um dinheirinho para comprar galão de água de 10 litros, para beber e cozinhar, conto com a água da chuva mesmo! Eu até tenho a borracha, mas não tenho de onde puxar a água”, conta a educadora.
No dia 14/5, a CARE Brasil entregou 1.000 litros de água na casa de Catarina. A ajuda emergencial, pelas suas contas, vai render um abastecimento para 5 dias. Nesse período, Catarina e sua família vão viver plenamente, tendo acesso a um direito que deveria ser básico e de todos.
- Catarina na creche, hoje desativada
- Com os sobrinhos William e Alex, em casa
- Aproveitamento máximo da água
- Catarina limpa a caixa
- Água!
- Jacilea e Catarina enchem a caixa d’água